domingo, 25 de abril de 2010

GIANELLI - A EDUCAÇÃO DOS FILHOS


A EDUCAÇÃO DOS FILHOS

“...e era-lhes submisso.” (Lc 2, 51)

Numa história resumida e tão restrita como é a do santo Evangelho, em que apenas se acenam as coisas mais necessárias e importantes, deixando muitas outras, como afirma o próprio evangelista João, o que significa esse descrever detalhadamente usos e costumes de Maria e José em relação a Jesus?
Como o levavam junto com eles ao Templo de Jerusalém, ainda menino de pouca idade?
Como o perderam? Como o procuraram?
Como, finalmente, o reencontraram no Templo?
Como o repreenderam, o reconduziram com eles a Nazaré “e lhes era submisso”?
Não sabiam, talvez, quem ele era de verdade? Não conheciam, porventura, o grande Deus que se escondia nele?
Pelo próprio Evangelho nós sabemos que disto estavam suficientemente informados!
Mas, o quê? Não acreditavam? Ou se acreditavam, por que preocupar-se tanto em instruí-lo, em doutriná-lo na piedade? Por que assustar-se ou temer por causa dele?
É isso que mais importa: ousar até corrigi-lo, repreendê-lo como desobediente ou pouco respeitoso e quase desligado dos seus?
Por que nos fizeste isso? – pergunta-lhe Maria. Por que, com tanta aflição nossa, te fizeste procurar? “Filho, por que nos fizeste isso? Eis que teu pai e eu, aflitos, te procurávamos” (Lc 2,48).
Tanta queixa ao Filho do Altíssimo? Tanta crítica a um Deus?
Ele suporta tudo isso em paz e, satisfeito com uma breve e misteriosa resposta, baixa a cabeça, interrompe a sua brilhante discussão com os doutores, abandona o Templo e os acompanha, quase arrependido de tê-los desgostado assim.
Mas o Evangelho nos diz mais: que era obediente “e lhes era submisso”..
Que mistério se esconde nessa admirável história? Precisa tanto para entendê-la, diletíssimos? Precisa tanto?
Cristo não veio fazer de Deus, mas de Mestre, de Redentor, de verdadeiro Salvador do mundo.
Cristo é a Verdade e a Vida, mas é também o Caminho.
Cristo é modelo para todos e deu a todos o exemplo: “Dei-lhes o exemplo para que, como eu fiz, vocês também façam” (Jo 13,15).
Não procuremos mais em outra parte a explicação do mistério.
Ele quis ser submisso a Maria, sua mãe, e a José, que foi pai para ele: “... e era-lhes submisso”. Por eles quis ser instruído, orientado e também corrigido.
Deste modo, ensinou aos filhos que nunca devem rejeitar a instrução, a orientação, a correção de seus pais. Ensinou aos pais que jamais devem negar, ao contrário, devem cuidar ao máximo da instrução, da orientação e da correção dos seus filhos.
E, já que não podemos falar de uns e de outros, lhes falarei destes últimos, porque parece que o assunto interessa principalmente aos pais.
Falarei de modo que possa ajudar a todos. E isto espero da divina assistência e da sincera atenção de vocês.
O ser humano nasce e traz consigo, não conhecimento e instrução, mas duas graves limitações. Uma vem da natureza, por isso não é ainda capaz de perceber, entender e raciocinar bem sobre as coisas. A outra é hereditária, ou para falar um pouco mais cristãmente, vem do pecado original, do qual é dolorosíssima consequência.
Por isso, a natureza e a religião se unem no gritar e no impor aos pais o alto e imprescindível dever de formar e de instruir os próprios filhos.
E, se alguém ousasse pedir-me a prova desta minha afirmação, ao invés de apresentar-lhe alguma, o desafiaria a encontrar uma só pessoa instruída, um só sábio, um só filósofo que não lhe diga o mesmo.
E falando a vocês, cristãos, os desafiarei a encontrar-me um só teólogo, um mestre, um escrito qualquer, se não for de um irreverente, que não recorde e não inculque, o mais que puder e souber, esse importante dever.
Acrescentarei, para fazê-los lembrar, se me permitirem, que Deus, por esse motivo, santificou o matrimônio, elevando-o à dignidade de Sacramento; e que a Igreja, instruída e iluminada por Deus, não admite senão quem é instruído suficientemente nas coisas que é preciso saber, não só para si, mas também para ensiná-las aos filhos.
A dúvida, portanto, se houver, não será sobre o dever que os pais têm de instruir seus filhos, mas apenas o quanto e o como fazê-lo. E, sobre um e sobre o outro, nos poremos logo de acordo, enquanto eu me deterei num ensinamento que não apenas será seguro, mas também incontestável da parte de pessoas as mais tímidas, as mais difíceis, as mais escrupulosas.
Verão, portanto, a minha moderação.
- Que formação os familiares devem dar a suas crianças?
- A necessária.
- Como devem dá-la?
- Como melhor souberem e melhor puderem.
- Há alguém que possa fazer objeção a isso? dizer alguma coisa em contrário?

Quem não faz o que pode e o que sabe, quer dizer que não quer.
Supondo que estamos de acordo em tudo isto, já que não posso duvidar, agora lhes pergunto:
1. Vocês acreditam que os filhos dos cristãos destes nossos vilarejos e também desta nossa cidade são todos instruídos sobre tudo o que é necessário saber para ser salvos?
2. Todos sabem e entendem bem os principais mistérios da nossa santa religião, sem o que ninguém é capaz de entender o valor dos outros Sacramentos, nem há esperança de ser salvo?
3. Todos conhecem e entendem, pelo menos, a essência dos Sacramentos que recebem?
4. Todos conhecem e entendem a força daquela santíssima lei que Deus quer que seja observada por todos?

A necessidade destas coisas, certamente, ninguém quer pôr em dúvida. Por isso, todos as sabemos e todos as saberão, vocês dizem, porque em cidade e em lugares muito instruídos, como são estes nossos, é uma vergonha duvidar disso.
Mas, deixem também que eu tema ainda um pouco e lhes exponha os motivos do meu temor:
· Há muitas das nossas crianças que não têm o hábito de participar das instruções que são feitas nas igrejas.
· Em casa não têm quem as instrua.
· Não frequentam escolas onde se ensinam coisas de religião e de devoção.
· Frequentam, ao invés, ruas, praças e outros lugares nos quais se fala de mundo, de vaidade, de pecado, e até mesmo se ensina isso.
Eu pergunto a vocês: onde essas pessoas aprenderão aquilo que é necessário para ser salvas?
Mas virá o tempo, dizem vocês, em que, tendo que ser admitidos aos santos Sacramentos dos altares, deverão, necessariamente, aprender essas coisas. Posso responder que, talvez, não todos!
Não é estranho nem raro o exemplo de quem está e vive tranquilo apenas com o Batismo, até os catorze, dezesseis, vinte anos; e isto em toda a boa harmonia e em toda boa paz dos seus pais.
Posso também dizer que muitos vêm quando, tomados por um certo rubor, não conseguem mais resistir e ficar sem, mas em torno dos quinze anos estão tão envergonhados e tão inveterados na ignorância que os pobres sacerdotes ou se cansam inutilmente para formá-los ou talvez os admitam, não sem ansiedade, mesmo sabendo que ainda não estão suficientemente preparados.
Posso também lhes dizer que outros o fazem, não porque lhes deu vontade, nem porque foram incentivados por seus pais, mas porque os sacerdotes, movidos por aquele zelo santíssimo que os obriga, alguma vez, também a importunar as pessoas, os atraem e os comprometem quase por força.
Mas, deixando andar tudo isso, aqueles anos depois do uso da razão, não são todos anos passados em pecado e em perigo manifesto de andar perdidos?
E se a consciência dos filhos pudesse, pela ignorância, considerar-se desculpada de muitos e muitos pecados, como se podem desculpar os pais?
E depois, deixando isso no silêncio e supondo que todos venham à Catequese para a Primeira Comunhão, que firmeza, que estabilidade vocês acreditam que tenha uma doutrina aprendida por força e por respeito humano, naquela idade tão rebelde e dispersiva, sem ter depois outra formação? Naquela idade que volta bem depressa ao ócio, aos divertimentos, aos jogos, aos vícios de antes, sem cuidar, talvez nunca mais, nem a Igreja, nem as doutrinas, nem os catecismos, nem as outras divinas ou eclesiásticas instruções?
Oh! pobres de nós! A que tempos, para não dizer a que barbáries chegaram alguns dos fieis, também nos lugares mais cultos e mesmo no coração da Igreja Católica!

Mas, perguntarão vocês, o que fazem e o que pensam os seus pais?
O que fazem e o que pensam eu não sei dizer, senão que, na maioria das vezes, pensam e agem mal.
Sei apenas que, satisfeitos de ter dado a vida a estes infelizes seus filhos, fazem muito se os mandam ou encaminham a alguma profissão que possa dar-lhes o sustento; não procuram mais que isso, como se não tivessem alma, ou fossem cães ou asnos dos quais se cuida nada mais que o corpo.
Sei que muitos não fazem nem isso e que os nutrem como tantos animais ociosos, para escândalo da religião, dano da sociedade e para encher, um dia, hospitais e presídios e, depois, finalmente, o inferno.
Sei ainda que outros têm o costume dos animais mais selvagens e ferozes que, depois de ter gerado os filhos e tê-los bem ou mal alimentado até que sejam capazes de caminhar, os abandonam sem escrúpulo, sem consideração e sem ter mais cuidado deles!...
E depois, diletíssimos, o que podem fazer os seus pais, se, muitas vezes, eles mesmos ignoram esses princípios, essa verdade, esses deveres? Se vivem, eles mesmos, mais como infieis do que como cristãos? Se ficam satisfeitos com uma Missa por ocasião das festas, uma comunhão na Páscoa, se caminham como imbecís e indiferentes rumo ao inferno, como se fosse esse o caminho que conduz ao céu?
Todos esses estão bem longe de preocupar-se com seus filhos; também quando, ou por respeito humano ou por certo remorso, cuidassem um pouco deles e ralhassem com eles, mandando-os à catequese, à igreja, às instruções, que proveito poderão ter, se eles mesmos não participam e não lhes dão o exemplo?
Eis, meus caros, o outro importante e, talvez, não menos necessário dever dos pais e das mães em relação aos seus filhos: a orientação.
Se nós fôssemos inclinados mais ao bem do que ao mal, bastaria, sem dúvida, conhecer o caminho que deveríamos percorrer.
Já que, vocês sabem, cada um se inclina ao mal e há mil incentivos que o arrastam ao pecado, mesmo contra sua vontade, a instrução somente, mesmo que seja completa e diligente, não basta.
E se há alguém que duvide disso, quero convencê-lo com as contínuas queixas e com as desculpas que todos os pais dos nossos dias apontam, mais os desleixados do que os dedicados. São elas:
- a juventude está muito mal acostumada;
- não se consegue mais segurar;
- não escuta a mais ninguém;
e outros lamentos semelhantes que se ouvem todo dia, nas casas e também na rua.
Quer dizer, portanto, que essa juventude e essas crianças têm necessidade de atenção e de grandíssimo cuidado; que não basta dizer-lhes que façam o bem, mas é preciso guiá-los ao bem, dar-lhes o exemplo e mostrar a eles, com os fatos, como deve ser feito; que não basta gritar com eles e nem ameaçá-los para que não façam o mal, mas é preciso estar atentos, sobretudo, de dar-lhes oportunidade para isso. É preciso manter longe deles os maus livros e as más companhias. É preciso (para que todos saibam e que não seja estranho para ninguém) fazer como fazem, guiados pela natureza, os próprios animais, por exemplo os pássaros, os quais, não satisfeitos de alimentar os seus pequenos e cuidar deles no ninho, os exercitam para o vôo, os convidam a isso com o seu chilreio e com o seu canto e, mais precisamente, ensinam isso com seu voar. Por isso, estão sempre batendo as asas ao redor do ninho e tanto os conduzem e os empurram de galho em galho, de árvore em árvore, de colina em colina, que, finalmente, os vêem soltos, corajosos e ousados. E não os deixam antes que tenham se soltado por si mesmos.
É preciso fazer como a águia que se ergue muito alto e exercita os filhotes a contemplar fixamente o sol, e tanto os encoraja a apontar e a voar alto, até que os veja suficientemente animados para cuidar-se de todos os ventos, para ultrapassar cada nuvem e superar cada tempestade.
Eis, exatamente, o cuidado que devem ter pelos próprios filhos os pais ótimos: instruí-los, sim, com as palavras e fazê-los instruir quanto melhor souberem e puderem, mas orientá-los eles mesmos nas instruções da Igreja; acompanhá-los aos Sacramentos, levá-los junto com eles à missa e às sagradas cerimônias; com eles rezar, pela manhã e à noite, as orações cotidianas; ler com eles livros espirituais; falar de Deus, da morte, do juízo, do inferno, do paraíso, da eternidade.
E, no que se refere a escolas, mestres, orientadores, diretores e outros, nunca perder de vista aquilo que sempre é pregado, que os filhos (se os pais não são, de fato, maus ou descuidados) não podem nunca ser melhor acompanhados, nem guiados do que pelo pai e pela mãe.
Deus e a natureza entregaram e recomendaram os filhos a vocês. Os mestres e os outros não existem senão para suprir as falhas de vocês.
E daquilo que vocês podem fazer não devem encarregar ninguém. Mesmo que fosse um santo ou uma santa que aparecesse a seus pés, e se fosse mesmo um anjo (posso dizer-lhes mais?), nunca será nem o pai, nem a mãe.
A educação dos filhos Deus não a confiou aos anjos, mas a entregou a vocês.
Estejam atentos, meus queridos, que, tratando-se do falar e do dialogar sobre Deus com seus filhos, não basta qualquer linguagem, mas é preciso ter uma toda própria e particular; quero dizer, aquela linguagem que parte do coração, que vale todos os livros, todos os mestres e todas as escolas, e que as crianças entendem muito mais do que entenderiam qualquer prêmio e qualquer castigo: linguagem que, depois da graça de Deus, é o que há de mais eloquente e eficaz ao coração dos jovens, a não ser que esses sejam já depravados e corrompidos pelo pecado e pelos desvios.
Mas, digo “linguagem”, entendam-no bem, pais e mães, que parta verdadeiramente do coração, de modo que, quando vocês lhes dizem “é preciso fazer o bem”, vejam de verdade em vocês que amam esse bem, que o desejam, que lhes desagrada não poder ou não saber praticá-lo melhor, e vejam, ao mesmo tempo, que vocês fazem o bem de verdade sempre que podem.
Quando vocês lhes dizem “é preciso fugir do mal”, eles vejam e sintam que vocês o temem, que o odeiam, que o detestam: nunca os vejam cometer ações indignas; e se, por acaso, pela sua fragilidade, cairem em qualquer falta, vejam logo o seu arrependimento; sintam, direi assim, a dor de vocês; os vejam solícitos em ir confessar-se e empenhados em corrigir-se; vejam vocês tremerem diante da ideia do pecado e dos eternos castigos; vejam vocês alegrar-se quando se fala de Deus e do seu Paraíso; os vejam prontos ao perdão das ofensas, à esmola, a todo tipo de caridade; os encontrem sempre pacientes, respeitosos em relação às igrejas, às coisas santas e aos sagrados ministros. Vejam, sintam, toquem com a mão que vocês são bons cristãos em obras e verdade, como diz o Evangelho.
Se, ao contrário, vocês disserem uma coisa e fizerem outra; se, mesmo fazendo alguma coisa, a fizerem mais por tradição e por costume do que por espírito de verdadeira devoção e piedade; se os vêem débeis, frios e indiferentes, eles os compreenderão mais do que nunca, ou compreenderão mais do que vocês mesmos compreendem e os farão débeis, frios e indiferentes cristãos; farão deles hipócritas, impostores, incrédulos.
E já que a verdadeira piedade e o verdadeiro zelo, onde existem, não podem nunca ser fracos, nem indiferentes diante do mal, surge, como consequência, o terceiro dever, que é o da necessária correção.
Também as plantas se tornam selvagens se não forem corrigidas e endireitadas, podadas e podadas de novo pelo esperto agricultor. E como vocês podem iludir-se de que seus filhos, todos por natureza inclinados ao mal, rodeados de tantos maus exemplos, escândalos, seduções e perigos, andem sempre bem, não errem nunca e não tenham necessidade da correção paterna?
Oh! Quanta piedade me causam, para não dizer raiva:
- aqueles miseráveis pais que têm medo de fazer mal aos seus filhos se, alguma vez, lhes dão algum castigo, quando merecem;
- aqueles insensatos maridos que brigam com suas mulheres, se estas tomam o chicote ou põem as mãos para manter bem a família;
- aquelas mães superficiais, antes “madrastas”, que não conseguem suportar que o bom pai ou os competentes mestres ponham limites aos seus filhos, com algum moderado castigo;
- aqueles pais e aquelas mães, todos aqueles responsáveis que nunca sabem dar um castigo ou causar um desagrado.

Oh! Que diferente lhes ensina o Espírito Santo, que os adverte a instruir e a controlar em tempo os seus filhos: “Eduque-os e ensine-os a obedecer desde a infância” (Eclo 7, 23).
Batam neles, diz em outra parte o mesmo Espírito Santo, castiguem para corrigir enquanto são pequenos, a fim de que não se endureçam no mal, não lhe neguem obediência e não lhe atravessem a alma com espada de dor, enquanto você se omitiu de dar umas palmadas quando era tempo: “bata-lhe enquanto é criança, para que, depois, crescendo teimoso, não lhe desobedeça e você tenha, por isso, uma profunda dor”. (Eclo 30,12).
Não lhes digo isso, meus caros, para que vocês sejam desumanos ou exagerados no corrigir seus filhos; ao contrário, os quero moderados e bem discretos e gostaria muito que nunca apelassem para o castigo se bastarem as admoestações e as palavras; não quero nem que vocês sejam ásperos, desumanos, grosseiros, arrogantes, se, com as boas, conseguirem que seus filhos andem bem.
Com São Paulo, digo a vocês: não queiram, ó pais, provocar a ira de seus filhos, se não forem forçados a isso: “E vocês, pais, não irritem seus filhos” (Ef 6, 4a).
Mas que o céu os guarde de ser daqueles que não corrigem, não moderam, não controlam seus filhos. Disciplina e correção, grita-lhes o mesmo S. Paulo na mesma citação; disciplina e correção, se quiserem educar bem seus filhos: “criem os filhos educando-os e corrigindo-os como quer o Senhor” (Ef 6, 4b).
Eduquem seus filhos na disciplina e na correção do Senhor. Do Senhor, entendam bem, não do mundo, não do demônio, não das preocupações, não do interesse, não do desprezo.
Disciplina e correção do Senhor, com os grandes e com os pequenos, com os homens e com as mulheres, com os bons e com os maus, aqueles para mantê-los, estes para reduzi-los: “Eduquem seus filhos na disciplina e na correção do Senhor”.
Caso contrário, esperem filhos rebeldes, irreverentes e malvados. Cobrirão vocês de infâmia, de confusão, de ais antes que vocês cheguem à velhice. Anciãos ou enfermos, eles desprezarão vocês, os abandonarão, os insultarão.
Sempre, em vida ou na morte, vocês terão angústia e dor; e depois da morte – ó Deus! – a eterna perdição, talvez junto com eles, no inferno: “... e tu terás uma profunda dor, uma profunda dor” (Eclo 30,12).
Eu não sei, diletíssimos, que ideia fazem da divina justiça certos pais, e como podem viver tranquilos tendo os seus filhos desobedientes, sem religião, libertinos, enquanto sabem que, um dia, Deus lhes pedirá contas da educação que deram aos seus filhos, quando esta tiver sido verdadeiramente cristã, seja pela instrução, seja pela orientação ou pela correção, e os condenará e lhes imputará, talvez em grande parte, os seus erros, os seus pecados e a sua perdição!
Não sei como podem continuar deixando-os correr, gastar e tratar com quem querem e como lhes agrada!
Como podem suportar ouvir e ver todo tipo de censuras, desonras, infâmias, escândalos?
Como podem vê-los caminhar rumo ao inferno, ao precipício e lhes correr atrás tão tranquilos?
Pobres pais! Pobre mundo! Pobres de nós!
Eis como vão as coisas por falta de uma boa educação.
Mas, são grandes, se diz; enquanto são pequenos, se pode fazer algo, mas quando começam a ficar grandes, há o perigo de fazer pior... É juventude, precisa ter paciência e compadecer; depois criarão juízo, aprenderão, verão!...
A este seu “não fazer pior”, a este “ter paciência”, a este “esperar” já respondi outras vezes (cf sermão sobre a liberdade evangélica, vol. I, pág. 94), e não quero mais voltar ao assunto.
Para vocês, porém, que me escutam e, espero, tenham maior bom senso, eu digo que:
- o nosso Mestre Salvador Jesus Cristo, filho de Deus e Deus verdadeiro, foi submisso e obedeceu com todo tipo de sabedoria até a idade de trinta anos;
- Maria e José não fizeram problema de ter que assim guiá-lo, educá-lo e contê-lo;
- não há tempo nem idade em que os filhos não devam estar sujeitos e dependentes dos seus pais, se gostam de viver com eles e tomar parte de sua mesa;
e que, por isso:
- os pais e as mães não devem ter em conta idade em que não possam e não devam mais corrigi-los, especialmente se vivem com eles;
- os antigos patriarcas e, com mais frequência, os primeiros cristãos, mantinham em casa adultos casados e os seus filhos quase velhos e os comandavam sem reserva; os corrigiam, os puniam, e eles se submetiam sempre com respeito e temor;
- Deus amaldiçoou e castigou sempre aqueles filhos que faltaram com esse respeito, como amaldiçoou e castigou aqueles pais negligentes ou muito indulgentes, que não os controlaram, não os corrigiram, não os puniram;
- se lhes falta a coragem e a força, têm a justiça terrena que lhes oferece ajuda, e que mal imensamente menor será se vocês aproveitarem desta para salvá-los e salvar a vocês mesmos, antes de perder-se todos, por puro respeito humano e por não fazê-los perder aquela honra que não têm mais e que vocês também não têm mais; para que vocês o façam, pondo-os fora de casa se fizessem coisas que se opõem às vontades de vocês e às suas mais caras intenções, deserdando-os e levando-os também, talvez, diante dos tribunais;
- o não fazer tudo isso é uma grande prova ou da sua falta de fé ou de sua fatal cegueira;
- justamente porque a maioria não age, a juventude é indisciplinada, desobediente, irreverente, libertina e incrédula;
- se assim continuarmos, o mundo andará sempre pior, a Religião será sempre mais enferma e lânguida, mas vocês, pais, serão os que mais terão que sofrer por isso em vida, na morte e na eternidade: “...e tu terás uma profunda dor”.

Vamos! Então, por quanto lhes é cara a paz, a caridade; pelo amor que têm a esses seus filhos e a vocês mesmos, empenhem-se em mantê-los fora do perigo e a proteger vocês mesmos.
Peço-lhes, em nome da Pátria, da sociedade, do mundo inteiro; peço-lhes, sobretudo, em nome do Deus verdadeiro: eduquem seus filhos e mantenham-nos na disciplina e na correção do Senhor:
“Eduquem seus filhos na disciplina e na correção do Senhor”.



Sermões diversos de Antônio Gianelli para Quaresma e Missão,
publicados pelo sacerdote Antonio Marcone - Volume II, páginas 30 a 44.
Sermões manuscritos, Vol. 3, página 16.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

15 ARTIGOS EM CONFRONTO COM AS CARTAS DE GIANELLI

OS 15 ARTIGOS EM CONFRONTO COM AS CARTAS DE GIANELLI

Art. I – Grande Confiança em Deus
1.1

“O Senhor permite, o Senhor sabe o que quer. Coragem e basta”. (236)

“Mesmo em meios aos raios e tempestades é necessário permanecer firmes... e tudo remediar com a paciência, a constancia e com a pleníssima confiança em Deus e em Maria”. (238)

“Não vê claramente que todas as esperanças colocadas em Deus vão bem e todas as outras vão mal ? Portanto, coragem! Acabemos de desprender-nos do mundo e doar-nos a Deus e tudo é feito”. (307)

“Parta imediatamente e vá a seu destino, colocando em Deus toda sua confiança e não na política e no interesse”. (430)

“A oração é boa, a confiança em Deus ainda mais... Agarrar-se ao mais seguro e se vai adiante, deixando a Deus o cuidado de tudo”. (566)

“Deixemos que Deus atue (que Deus faça)”. (663)

“O bem é sempre bem ... Façamos o melhor que pudermos e depois deixemos que Ele providencie a tudo ... Coragem, pois, e confiança maior que toda a criação”. (666)

“Constante na confiança em Deus ... caminhai com coragem”. (700)

“Coragem, pois, em unir-se a Ele”. (730)

“Portanto, não são necessários nem escrúpulos, nem angústias de espírito ...”(828)

“Portanto, ide com coragem e confiai em Deus, tanto mais quanto mais mesquinha vos encontrais, pois Ele fará ver que ajuda e que, ajudando, mesmo os débeis se tornam fortes". (839)

“É preciso que todos recomendemos a coisa a Deus e que ponhamos em Deus nossa confiança e esperemos que nos guardará dos erros mais fatais”. (903)

“Vivamos bem e deixemos que Deus faça”. (926)

“Ao empreender as obras é preciso arriscar um pouco, quero dizer, ter um pouco de confiança em Deus que ajudará com sua providência essas suas pobres Filhas que se empenham a sacrificar-se para fazer tanto bem (porquanto possamos crer) verdadeiramente o fazem”. (953)

“Convirá deixar que Deus faça, pois certamente o fará melhor”.(965)

“. . . a nossa confiança devemos colocá-la nEle, mas toda, toda, toda e que dos homens Ele se serve somente e quando lhe agrada”. (1072)

“Receba a coisa das mãos de Deus e a faça com total confiança que Ele a abençoará”. (1125)



1.2

“Viva! As coisas vão mal segundo o mundo. Esperamos, portanto que irão melhor segundo Deus”. (492)

“Veremos assim a vontade de Deus; se for contrária convirá resignar-se e negar ...” (658)

“Tudo vai bem, pois o Senhor jamais age mal ...” (736)

“Neste mundo é preciso contentar-se de fazer algum bem, mesmo pouco e até às vezes o Senhor se contenta que somente o desejemos, procuremos e façamos quanto pudermos. Depois se não conseguimos nada ou pouco, paciência: “seja feita a tua vontade!”. (860)



1.3

“ ... não é necessário ir buscar, mas esperar que nos procurem. Se o Senhor quiser as FMH em algum lugar ... Ele abrirá a estrada. Nosso dever é de comportar-nos bem e dar conta de nós onde estamos”. (528)

“Ireis contra o vento, não importa! Quem vai sempre adiante chega finalmente onde Deus quer”. (571)

“Agarrar-se à cruz e aos pés de Jesus Cristo e estar alí . . . malgrado toda a raiva, todo o despeito e furoreis que proveis, seja em vós que nEle; e ter viva fé, pois agradará muito a Deus esta vossa fé, esta vossa constância, esta vossa adesão, esta vossa esperança”. (665)




1.5


“... não deveis confiar jamais em vós mesma ... e porquanto pudesse parecer de ... não ter por Deus e por Maria estima e amor ... não deveis separar-vos deles jamais, mas conservar-vos sempre unida, com os últimos esforços da vontade”. (198)

“ ... viva a bondade, a misericórdia e a Providência de Deus! Ele prova seus servos mas não os abandona, embora ingratos como sou eu. Em todas as vicissitudes de minha pobre congregação me deu sempre bom coração e jamais perdi a calma, a coragem e a confiança”. (1005)


1.6

“Tendo feito o que conseguistes fazer, deveis humilhar-vos e acalmar-vos porque é muito difícil conhecer os juízos de Deus. Adoremo-lo e temamos quando nos parece de amá-lo e temê-lo pouco ... confiai nas orações e no recomendá-los a Nossa Senhora”. (915)


1.7

“Deveis propor-vos, com ajuda divina e com o favor de Maria, passar este mês, na medida do possível, sem pecar. Por isso, é necessário que cada uma dê uma olhada aos seus defeitos e àquelas faltas nas quais costuma cair e faça todos aqueles propósitos e aquelas resoluções que o Senhor lhe dará a conhecer como mais adequados para não recair, recordando que a oração feita de coração com esta finalidade é o que mais ajudará, bem como a confiança em Deus e em Maria”. (242,3)


“Precisa que todos os dias vos proponhais de imitar vossa amada mãe, Maria, em uma particular virtude como seria: na humildade, modéstia, paciência, mansidão, etc... e não penseis estas coisas nem impossíveis nem muito difíceis, pois tudo é possível melhor, fácil, com a ajuda divina, que nunca falta a quem suplica com humildade e pura fé. O Senhor nos ordena no Evangelho ser perfeitos como nosso Pai celeste: portanto, podemos aspirar com maior razão a imitar Maria. A humildade e a confiança obtém tudo a uma pessoa que com coração puro, deseja o bem”. (242,6)

“Fora do impossível é preciso fazer tudo”. (863)

“Nunca se quis dar a entender que confiar na Providência ao ponto que tenha que fazer milagres sem necessidade, é tentar a Deus”. (1182)

“ . . . eu também vejo que ao final de tudo convém abandonar-se à providência e misericordia do Senhor. No entanto nós devemos prever e prover quanto mais possamos e saibamos e aprender da experiência dos outros”. (1037)







Art. II° - Profunda Humildade
2.1
“Ou quereis servir a Deus, ou quereis servir ao amor próprio... dir-vos-ei que não tendes necessidade senão de uma firme e estável resolução de acabar, de uma vez por todas, com o cego amor próprio e de entrar na via do Senhor com ânimo franco, livre e resoluto, isto é, unicamente desejosa de encontrar Cristo e somente a Ele seguir...esta estrada ao início é dura, pedregosa, coberta de espinhos; mas exatamente por isso é mais segura e aqui, com certeza O encontrareis. Qui vult venire post me, abneget semetipsum. ... Cristo se encontra, certamente, negando a si mesmo”. (11)

“... mas vós, humilhai-vos tanto, tanto, pois não há dúvida de que o Senhor vos deseja humilhada”. (197)

“Se não fizestes assim, pedi agora perdão com toda a humildade e proponde fazê-lo de outra vez; no entanto, oferecei-vos ao Senhor...” (198)

“ Não há dúvida, porém que se fosseis mais humilde inclinaríeis a cabeça e vos mostraríeis contente e em vez de vos perturbardes por aquilo que foi dito, teríeis recordado do que eu vos falei, isto é, de não vos preocupardes ou confundirdes, mesmo se caíssem as estrelas do céu, os anjos e etc...”. (236)

“... bem aventurado vós que, tocado vivamente pelo Senhor, vos humilhastes e conhecendo o bem da humilhação a desejais ! Fazei sempre assim e as coisas irão bem. Sinto que o Senhor mantenha os motivos para vos humilhar: pois bem, bendizei-O ainda mais!” (529)

“Mas tudo com grande humildade ... Aprendei, para uma outra vez, a não agir por conta própria em coisa que não sabeis bem”. (593)

“Quanto às humilhações, repito que no momento não posso vos permitir, devido às circunstâncias; virá talvez o tempo em que poderei consentir ... Preparai-vos para recebê-la, pois assim tereis mérito ... recordai que uma coisa é falar de morrer e outra é morrer”. (595)

“A nós interessa fazer o bem, mesmo menor, antes que, por querer fazer mais, colocar-nos em risco de não fazer mais nada e, ao contrário, causar o mal”. (687)

“É necessário dizer-lhe abertamente que evite a vaidade de querer fazer melhor...” (748)

“É necessário purificar as próprias intenções, humilhar-se, rezar como se pode e ir adiante do modo que agrada a Deus”. (757)

“Pobre de vós se não os recebeis com toda a humildade, se não fazeis caso e se não vos ativerdes aos mesmos”. (828)

“Espírito de humildade, de obediência e de pronta abnegação, que é a verdadeira alma dos Institutos ...”.(855)

“ . . .quanto à Madre Catarina . . . rogo que exerciteis um pouco vossa mansidão, humildade e caridade no desculpá-la e em restabelecê-la na opinão de todos e de todas. . . (886)

“Deves humilhar-te e tranquilizar-te, porque é muito difícil conhecer os juízos de Deus...(915)

“Em primeiro lugar, a humildade. Esta virtude, que é o fundamento e o susutento de todas as demais, quase nunca se encontra onde não haja pobreza”. (1010)

“Antes, deveríeis aprender a ser flexível diante do parecer de outros, sem o que sabeis que não podereis ser inteiramente útil nem a vós e nem a outros, quanto poderíeis ser pelas ótimas qualidades que Deus vos deu”. (1037)

“Aspiremos todos ao bem, mas ao verdadeiro bem, sem paixão e sem respeitos humanos e então se somos humildes e rezamos, chegaremos a fazê-lo com a ajuda de Deus”. (1081)

“Entre tuas atitudes de resignação, esteja também este de viver ou de morrer, viver com saúde ou enferma, cuidada ou abandonada, amada ou odiada e inclusive a ter que voltar a ser Vicaria como antes”.(1098)

“Quanto ao que dizeis a respeito de estar muito aquém deste amor, porque se o tendes sereis humildades, dóceis e obedientes como o foi Jesus com Maria e com José até a idade de trinta anos; e vós me confirmais isso e que a pobre superiora está triste e amargurada porque não correspondéis aos seus cuidados. Espero que o digais por humildade e porque não sois ainda tão boa e virtuosas quanto esta senhora Madre Superiora deseja e quanto vós desejais ser. De resto, minhas filhinhas, não se duvida que se amais Jesus Cristo e quereis ser caras a Maria nossa Grande Mãe, é preciso que cresçais nestas virtudes cristãs que devem ser vosso melhor ornamento e toda a vossa riqueza”.(1099)

“Não resta senão que te humilhes, acredite no que direi e obedeças . . .(1177)




2.2

“Mas como a nossa fragilidade é tal e tanta que facilmente podereis faltar em alguma coisa, estai atentas a não abatarer-vos, se vedes que falhastes; recorrei imediatamente a Maria, para que tenha compaixão de vós e peça a seu divino Filho . . . com sua ajuda, vos corrigireis”. (242)


“Parece-me que ficar um par de meses no Conservatório como uma a mais, estando sujeita, sujeitíssima, ainda mais, não atendida e deliberadamente desatendida e um pouco humilhada . . . precisa-se mesmo fazê-lo . . .” (919)


2.3

“Quanto aos dois anos de súdita, sabeis que eu estava de acordo e me dispus a favorecê-los; mas se Deus não quer, o que se pode fazer? Penso que tanto a vós quanto a mim agradaria a intenção e não seria pouco. Se Ele quiser, abrirá a estrada, mas!!!” (950)



2.8

“Tinha esquecido de dizer-vos que, em todo este mes, jamais se deve escutar uma conversa, um canto ou outra coisa que tenha algo de mundano, ou tenha sabor de vaidade secularesca: e todas devem ter liberdade para corrigir ou avisar as outras que viessem a faltar nisso”. (242,8)

“Esta, se não abre logo os olhos, se não se emenda inteiramente, se não chora os seus excessos, . . . peça com a máxima humildade e submissão perdão a todas . . .” (551)

“Deves fazer-me todas as reflexões que melhor lhe pareçam, sugerir, avisar, repreender-me, reprovar-me e inclusive oferecer-me resistência se vês que estou errado. . .” (886)

“Eu vos direi quanto o Senhor me vai dando a conhecer; mas vós deveis fazer o mesmo em relação a mim. E já que não me vês, pergunte a quem me vê, a quem trata comigo . . . (981)

2.12

“Esta, se não abre logo os olhos, se não se emenda inteiramente, se não chora os seus excessos, se não está pronta a fazer pública penitência, se não está disposta a dar aulas e a qualquer outra coisa a que seja destinada sem o saber e sem ser interpelada, é necessário mandá-la logo embora, e estou desiludido porque ainda não o fizestes. Mande embora este Satanás! Eu deixaria antes arruinar o Conservatório e perder o Instituto do que ter pessoas como esta. Ou logo, com uma corda no pescoço, (esta é a penitência que lhe prescrevo) almoce por uma semana de joelhos e peça com a máxima humildade e submissão perdão a todas e tanto no primeiro dia, como no último, beije os pés a todas, ou parta logo; e se se deve demorar a fim de chamar os seus, não se deixe mais dormir em casa! Esta função, seja de mandá-la embora, seja de colocá-la em penitência, como disse acima, gostaria que a fizésseis ver à Noviça Luisa e que a façais considerar bem, já que ao 99 por cento fará o mesmo papel”. (551



Art. III° - Simplicidade e Prudência Evangélicas

3.1

“ . . . entrar decisamente na via do Senhor, com ânimo franco, livre, resoluto, isto é, unicamente desejosa de encontrar Cristo e somente a Ele seguir”. (11)

“Empenho grandíssimo por dar glória e gosto a Deus em tudo e dar-lhe quanto possível e desejar dar-lhe sempre mais intensamente”. (699,8)

“É sempre melhor salvar as almas e contentar a Deus que contentar ou não aborrecer um amigo”. (778)

“Em vosso fazer não sejais obstinados, mas não sejais tampouco inconstantes. Sempre acreditei que os inconstantes e os que mudam facilmente de opinião, sem graves motivos que a isso os leve, se saem mal em tudo”. (922,11)

“Mostrai-vos pois, solícitas e diligentes em fazer-vos desembaraçadas, francas, livres e donas de si mesmas . . .”. (1121)

“Eu sempre disse com força que quando faltam os meios se deve suspender a obra. Nunca se quis dar a entender que confiar na Providência ao ponto que tenha que fazer milagres sem necessidade, é tentar a Deus”. (1182)

3.2
“Acrescentarei ainda que, mesmo no vosso exterior, no vestir, no falar, no conversar e em tudo . . . deveis procurar comportar-vos de tal modo e com tal modéstia e humildade que demonstrem estardes fazendo o mês de Maria. Seria desejável que também exteriormente vos assemelhásseis verdadeiras Filhas de Maria”. (242,9)

“É necessário que se adaptem ao horário de daída das celas, para não causarem duplo incômodo aos guardas. Sabeis bem que é um ponto delicado. Na medida do possível estarão unidas e nunca ficarão a conversar sozinhas com os guardas, aos quais jamais farão outro cumprimento que uma simples saudação e nem lhes darão confiança, mas hão de tratá-los com educação e respeito.
Mas procurem de não enchê-las de orações e de não pretender demasiado, porque senão não conseguirão nada”. (509)

“ Apeguemo-nos à verdade! Sustentemos a verdade, porque Deus é a verdade, e quem ama a verdade, ama a Deus”. (570)

“E quanto à humanidade e às boas maneiras, minha filhinha, é necessário usá-las um pouco mais com as pessoas de fora. Talvez não notais e não sei se alguém já vos fez notar, entretanto os chiavarenses não estavam muito contentes com vossas maneiras altivas, como vosso modo sério, reservado e um tanto áspero que usáveis com certa freqüência. Também eu, vede, soube disso este ano e tarde. Espero que acrediteis, ao vos dizer agora. Mas é assim, minha Filha.Sabei que, se não estamos muito atentos, fazemos boa cara àquele que nos agrada e feia a quem nos desagrada e, portanto, acolhemos bem as pessoas que estimamos muito ou das quais esperamos receber algo; todas as outras mal, ou com certa indiferença, frieza, pressa e quase com inquietação e nos desculpamos ou com nossas ocupações, ou com o aborrecimento que nos causam; em substância, é uma coisa má, é um defeito, é um vício que torna odiosa a pessoa que o possui. Todos desejam ser bem acolhidos por todos, particularmente pelos Superiores. Que o Superior não nos atenda, perdoamos, mas que não nos receba bem, não sabemos perdoar. É, pois necessário que nós, Superiores, recebamos bem, quero dizer, com paz, com paciência, com calma e com suavidade as pessoas mesmo as aborrecidas, mesmo as indiscretas, mesmo as impertinentes”.(828,4)

“Não gostaria, caríssimos, que a ilusão de minha dignidade vos seduzisse. Isso poderia ser vaidade. Não nos deixemos encantar pelas aparências, mas cuidemos da substância das coisas”.(862)

3.5

“. . . pois o que não se pode, Deus não o exige . . .” (664)

“ . . . alegro-me de que Deus vos mantenha livre e desprendido de outros laços. A vossa cabeça, caríssimo, e talvez os desígnios da Providência não vos querem atado mas livre. Lamento que não tomeis a coisa vinda de Deus e que ao invés de afligir-se não vos sintais agradecido àqueles dos quais Deus se serve para cortar aqueles laços que vós . . . procurais colocar ao pescoço. Vós agora, belo, livre, ides e vindes, retardais e deixais dizer e fazeis bem . . .”. (951)

3.6

“ . . . se a Filha a tinha abandonado para consagrar-se a Deus, não deixava de ser sua Filha e as Filhas de Maria, consagrando-se a Deus, não se tornam nem desumanas nem irracionais”. (529)

“Dizei-me claramente vossa opinião cabal e completa, eu vos ordeno e se vos parece, não digais a ninguém, pois eu depois farei o que Deus me inspira. Penso que não faltareis”.(818)

“Agora vos digo: aplicai-vos em melhorar a letra . . . Não deveis temer a vaidade. Tudo deve servir à glória de Deus . . . Gostaria que antes de partides chamásseis todas as Filhas, uma por uma e lhes disésseis tudo o que o Senhor vos inspira para o seu bem e pelo bem do Instituto”. (828)


Art. IV - Pobreza Constante

“ . . . animo-me a lhe expor que, se entre as esmolas a destinar, Deus lhe inspirasse dispensar alguma às pobres Filhas de Maria . . .” (223)

“ . . . lembrem que as Filhas de Maria, com sua pobreza, se adaptam a estar naqueles lugares que talvez não poderiam prover o auxílio de outras Irmãs . . .” (283)

“. . . as Filhas de Maria encontram a penitência na fadiga, na pobreza, na obediência e na comunidade de vida. . .”(387)

“ A pobreza de sua vida . . .” (474)

“Como pobres irão adiante, mas como ricas não poderão ir” (544).

“. . . Por isso não pode ser Filha de Maria, entre as quais a pobreza, a perfeita comunidade e a prontíssima obediência são a substância primária que constitui o Instituto e o tripé que o sustenta”. (551)

“Já o sabeis: as Filhas de Maria nasceram para ser pobres e não convém aspirar a mais”. (623)

“Comprai candeias, lamparinas, pequenas caldeiras, uma frigideira, alguma cafeteira, etc... Colheres, garfos, conchas com orifícios ou não. Enfim, tudo o que é necessário para viver, como pobres sim, mas como pobres que servem os pobres e que costumam ser sujeitas a infinitas necessidades”. (826)

“O silêncio, a modéstia, o retiro, a pobreza, a dependência e sobretudo a obediência sem a qual não há religião . . . “ (915)

Aqui, falta citação da carta 1010. FAZER COM SCANER


“De resto, minhas filhinhas, (me parece que posso chamar-vos assim), vos desejo nesta feliz circunstâncias as graças mais belas e as bênçãos do Santo Menino Jesus que é a fonte de todos os bens. Não estarei contente se não vos desejo uma em particular, ou seja, que vos sintais contentes da vossa situação. Não quero dizer do fato de estar nesta casa como exortei no verão passado, não, quero desejar e desejo que vos sintais contentes da vossa situação de pobres, como imagino que sejais todas, pobres meninas e talvez pobres órfãs ou todas ou quase todas!
Imagino que este meu augúrio vos agrade pouco ou nada, antes, vos repugna e talvez alguma o recebe com cara feia e desprezo. Eu vos desculpo porque a pobreza é mal vista ao olhos da carne de modo que todos a temem, a borrecem e fogem dela o mais que podem e frequentemente para nossa desgraça é mais temida que o demônio, do que o pecado, do o inferno. Portanto, vos desculpo se vós a aborreceis e se recebeis mal estes meus votos que apresento aos pés do Menino Jesus! O meu desejo, o meu augúrio é bom e não tenho intenção de retirá-lo. Quero que digais quem é aquele Jesus que adorais naquela gruta, naquele insignificante presépio. Se me respondeis que é o Filho de Deus e Deus verdadeiro, dono do céu e da terra, então vos pergunto: quem o obrigou a nascer em um estado tão mísero? E dizendo-me que foi o seu amor por nós eu direi: portanto não podia Ele salvar-nos sem nascer tão pobre? Imagino que vós finalmente me respondereis que Ele o fez também para nos dar exemplo! . . . Oh, muito bem! É justamente aqui que eu vos queria levar. Ele o fez, portanto, para dar-nos exemplo, para instruir-nos, sobre o quê? Não o vedes? Não entendeis que enquanto podia nascer no meio de todas as riquezas e delícias do mundo, porque todas eram suas e podia criar um mundo para si, infinitamente mais bonito e delicioso do que este, quis nascer o mais pobre e o mais insignificante de todos os homens, e depois viver e morrer sempre pobre para ensinar-nos a amar e apreciar a pobreza e temer e fugir das riquezas.
E é por isso que enquanto pregava, diza: ai de vós ricos! Ai de vós que agora rides! Felizes de vós que tendes fome, vós que chorais, vós que sois pobres, porque o paraíso é vosso! Eis porque os apóstolos e inumeráveis santos deixaram as comodidades, as riquezas, os prazeres e até as coroas para abraçar-se à cruz e entregar-se a uma vida pobre, mísera, insignificante.
Eu sei bem que para entregar-se a este tipo de vida se requer uma vocação especial de Deus, mas sei também que aqueles que nascem pobres, não têm necessidade desta vocação, Deus os fez nascer nesta situação, os colocou e os deixa: a sua vocação é bastante clara. O que me parece urgente fazer-vos entender é que esta não é uma desgraça para vós, como credes mas é uma sorte. Se ser pobre é uma desgraça, o é para aqueles que, abandonados a si mesmos ou uma má orientação apodrecem na ignorância, no ócio, no pecado. Mas Deus vos preservou deste mal. Colocou-vos num lugar onde vos é ensinado o bem e se ajuda a praticá-lo; quando sairdes sereis munidas de luzes e forças suficientes para superar as insídias que o mundo, o demônio e a carne vos apresentarão. Não só vos sois educadas de modo que saindo podereis manter-vos com vossas mãos e com isso evitar a indigência que o mal pior e mais perigoso da pobreza. Oh, feliz, portanto mil vezes bendita aquela pobreza que querida por Deus, ilumina o conhecimento, o amor e o serviço a Deus, sustentada pela virtude basta a si mesma e é livre dos males e perigos infinitos que sempre circundam os ricos! Oh, minhas filhinhas, se compreendésseis bem estes males e estes perigos dos ricos não teríeis inveja. Oh, quanto amaríeis a vossa pobreza! Não a abominaríeis, não, mas a abraçaríeis e a estimaríeis!
Não quero dizer com isto que se Deus, no decorrer do tempo, vos abrir uma estrada para melhorar um pouco a vossa sorte devais fugir ou não possais aproveitar, isto não. Quero dizer que, se Deus não vos abre esta estrada, não desespereis, ao contrário, não vos queixeis mas antes sejam contentes de ver que Ele vos quer pobres como Ele e que gosta que lhe façais companhia em sua pobreza e que talvez ainda em seus desprezos para ter-vos depois mais próximas em sua glória. Se esta estrada se abre, aproveitai-a, mas temendo e tremendo que vos leve pouco a pouco à perdição... (1012)

“. . . A diferença substancial está em que as Filhas de Maria acostumadas a uma vida muito frugal ( . . . ) podem ir naqueles pequenos lugares e em pequenos hospitais nos quais as Filhas da Caridade não podem ir. . .”. (1058)

“ . . . as Filhas de Maria têm como objetivo exercer aqueles trabalhos caritativos cultivados pelas Filhas da Caridade instituídas por São Vicente de Paulo, com a única diferença que, levando uma vida muito pobre, podem ir naquelas pequenas cidades e lugares nos quais, por falta de meios, não podem ter as Filhas da Caridade . . .”. (1128)




4.9

“Desprendimento de nós mesmos, não só nas coisas materiais e temporais, mas também nas espirituais o que é um grande passo, difícil para todos, especialmente para as pessoas de retiro”. (699)

“Guardai-vos das muito espirituais (quero dizer daquelas que para cultivar um ‘beatismo’ transcuram o próprio dever, não se preocupam por seus ofícios) como de uma verdadeira peste para o Instituto”. (828)


Art. V° - Comunidade Perfeita

“. . . as Filhas de Maria encontram a penitência na fadiga, na pobreza, na obediência e na comunidade de vida . . .” (387)

“Procurai conservar a bela harmonia e a paz das quais me falais, pois, depois da graça de Deus, é o melhor tesouro”. (528)

“Por isto não pode ser Filha de Maria, entre a quais a pobreza, a perfeita comunidade e a prontíssima obediência são a substância primária que constitui o Instituto e o tripé que o sustenta”. (551)

“Quando não fores legitimamente impedida, deveis estar, não só pronta, mas ser a primeira em todas as observâncias da comunidade”. (717)

“. . . sabeis bem que não poderiam ser menos de três, para que ali haja um pouco de observância”. (854)

“ . . . ocupai-vos em arrancar o germe da desunião que o demônio, certamente, conseguiu semear em nosso pobre Instituto. . .” (900)

“ . . . Afastemos as suspeitas por caridade, afastemos as suspeitas! Para o andamento de um Instituto, pode ter coisa pior que a divisão? “ (903)


5.5

“Suma caridade das Superioras com as Irmãs, mas sumo respeito das Irmãs com suas Superioras, que se evidencia: 1. na obediência pronta, cega, voluntária; 2. em compadecer e desculpar seus defeitos e falhas; 3. em não falar jamaismal delas”. (699,5)

“ . . . A Madre poderia, de vez em quando, raramente permitir, ao contrário ela mesma ordenar estas coisas como remédio, ou seja, para revigorar e fortificar as Filhas quando as vê tristes e abatidas. . .” (921)

5.7

“E enquanto se faz a oração em comum, procurai estar e permanecer como conseguirdes, lendo ou mesmo pensando outra coisa e até divagando . . . mas sempre protestando que querei rezar, que tendes intenção de rezar e que estais unida às vossas Irmãs, aliás, a toda a Igreja”. (700)



Art. VI - Obediência Cega

“Ao contrário, vede e examinai, repreendei e com tanta maior liberdade quanto vedes que acolhem de má vontade. Sabei o que escrevi à Madre e basta. Lembrai que se requer um mão firme, de tempos em tempos. Obedecei vós também nisso e após, prestai-me contas de tudo”. (229)

“Parece-me, porém, qua a obediência cega não deveria fazer tantas objeções. Não deixeis de dizer àquela Madre que recebestes de mim esta ordem. Falo-vos assim, pois estou cansado de obediências e resistências ..” (232)

“Quando o superior é legítimo e bom católico, quero dizer, não suspeito de heresia, nem de doutrinas contrárias ao espírito da Igreja, o que significa se mantém boas relações com seus principais ministros que são o Papa e o Bispo, suas ordens devem ser aceitas como as da Igreja; e se deve dar tanta atenção às suas palavras, ou seja, à sua orientação, como a uma emanação ou declaração do prórpio Evangelho, pois a Igreja e o Evangelho falam às Comunidades religiosas, através dele. Podeis conservar este princípio como bom e seguro desde que o Superior não esteja em contradição com os ensinamentos da Igreja”. (233)

“Querem fazer-me Bispo de Bobbio de todo jeito. Eu apresentei todas as dificuldades que o Senhor me fez conhecer . . . Não me pareceu bem obstinar-me, a fim de não me opor à divina vontade: já que ensino a obedecer, não convém que eu desobedeça . . . E as Filhas de Maria?
Se as Filhas deMaria são caras a Deus e a Maria, melhor, se as Filhas de Maria forem boas e dignas deste nome, irão sempre adiante e prosperarão ainda mais. Eu velarei sempre por elas, como minhas e as dirigirei, mesmo de longe, desde que me queiram obedecer”. (259)

“E depois, se não muda, não sabe obedecer. Eu o considero como um santo, mas até agora lhe falta a obediência cega”. (305)

“. . .procurai de crescer na obediência . . . E quanto à obediência, faço-vos refletir justamente quanto estais atrasada . . . as Filhas de Maria encontram a penitência na fadiga . . . na obediência . . . Desejáveis saber como podeis fazer-vos santa, melhor, perfeita ... Eis: sede obediente . . .”(387)

“Por isto não pode ser Filha de Maria, entre a quais a pobreza, a perfeita comunidade e a prontíssima obediência são a substância primária que constitui o Instituto e o tripé que o sustenta”. (551)

“Quando há tempestade é necessário agarrar-se como dá; ao final, o grande timão que nos pode salvar é sempre a obediência. A oração é boa, a confiança em Deus ainda mais, a humilhação, ótima; mas se falta o timão da obediência, pouco podem ajudar . . . Dizei-me: se perdeis o timão da obediência, que vos sobra? Este é seguro porque inclui a promessa do Senhor:”Quem vos ouve a Mim ouve”. Credes que o confessor se engane. Mas que perdeis obedecendo? Podereis sempre justificar-vos diante de Deus e dizer: “Senhor, eu vos obedeci em vosso ministro”. Mas eu desejo ir além. Suponhamos que estais certa. Que perdeis obedecendo? Que ganhais desobedecendo? Ao obedecer vós vos colocais no caminho da salvação; ao desobedecer, no da perdição. Portanto, mesmo se vos deveis condenar, como diz vossa cabeça, é sempre mais vantajoso tomar o partido mais seguro, para que não se cumpra depois o que agora temeis somente.
Atenção, pois, obediência cega, pronta, corajosa, malgrado todas as fadigas, esforços e agonias que vos há de custar. Nosso Jesus para fazer a vontade do Pai, isto é, para obedecer, suou sangue e estava para morrer e talvez morresse, se não devesse esperar a morte mais dura da Cruz, sobre a qual morreu abandonado “. . . porque me abandonaste?” Vêde que obediência nos ensinou? “Feito obediente até a morte e morte de cruz”. Eh, coragem! Envergonhemo-nos de estar tão atrasados depois desta lição e após tantos anos que a estudamos!
. . . Obedecei cega, pronta e corajosamente e não importa que o façais com fadiga, com repugnância, com raiva (somente interna porém e quanto possível involuntária), permanecendo agarrada com a ponta da vontade à vontade de Deus na prova e, se o desejais, ou seja, se não tendes outro remédio, inclusive de modo desesperado”. (566)

“. . . tudo se obtém com a bondade, com a obediência, etc . . .” (664)

“ Fazer-se santos inclui muitas, muitíssimas coisas, mas os bons religiosos, quando possuem uma, têm tudo, pois tudo vem atrás dessa: mas essa é necessário que a tenham e a possuam bem, pois se vacila um pouco pode arruinar tudo. É como a viga princiapal que sustenta o teto de uma casa; se esta se quebra, tudo cai.
Mas, que será esta coisa tão importante? . . .
Minhas filhinhas, esta coisa importantíssima, necessária e, sem a qual, para as pessoas religiosas tudo se transforma em fumaça, é a obediência! . . . Já o sabeis, sim, o sabeis, estou certo; mas há tantas coisas a considerar que nunca se sabe demais.
1. Para ser bons religiosos e religiosas, não basta qualquer obediência, mas é necessária a que tenha as três grandes qualidades: cega, pronta, voluntária. E isso também sabeis e o lestes e vos explicaram; mas eu temo que não o saibais bem, ou ao menos não suficientemente. Portanto, estudai-o de novo e ruminai-o bem, e temei sempre esquecer algo.
2. Uma coisa é conhecer a obediência e saber suas qualidades e outra é colocá-la em prática e sempre acompanhada das mesmas. Examinai-vos sobre as vossas obediências, mesmo as mais comuns e vereis que, quando não faltava uma, faltava outra e quem sabe, por vezes, todas. Se notais que vossa obediência em geral possui estas três qualidades, avante! Ficai alegres e agradecei a Deus e a nossa boa Mãe que vos alcançou tal graça.
3. Tal obediência seria necessário tê-la em tudo, mas de fato em tudo, compreendeis, filhinhas?! Diz-se facilmente, mas quando surgem certas obediências totalmente contrárias às nossas inclinações, ao nosso gênio, ao nosso gosto, ao nosso amor próprio e mais se se vestem de santidade . . . é um bocado para santos, hein?! Que vos parece? Pensai a respeito.
4. É necessário obedecer sempre, até a morte. Isso também se diz facilmente, mas é necessário ir à prática. Vedes nosso Divino Mestre: Faz-se homem, nasce em uma gruta, vai mendigando, vive com dificuldades, é perseguido, escarnecido, caluniado, flagelado, coroado de espinhos, crucificado, morto e supeultado! Fez tudo, mas fez tanta violência a si mesmo que, para ir adiante voluntariamente, suou sangue. Minhas filhinhas, talvez não sangue, mas para ir adiante e obedecer sempre bem e perseverar até o fim, disponde-vos a suar mais de uma vez. Se chegardes à coroa, sem antes ter suado para obedecer, será uma graça singular qua talvez podeis esperar, mas não pretender.
. . . Rezai para isso, para isso estudai, sobre isso examinai-vos seguidamente e até todos os dias. E não vos contenteis com um exame superficial, mas analisai bem. Vede se em vosso obedecer costumais ser “cegas”, isto é, se obedeceis sem buscar o porque da obediência que realizais. Se sois “prontas”, sem interpor demora, sem apresentar dificuldades, se correis, se voais, impacientes por obedecer logo e tão bem quanto podeis. Se obedeceis “voluntariamente”, quero dizer, unindo vossa vontade a dos Superiores e Superioras e, por meio destes, à vontade de Deus, esforçando-vos por fazer, quanto seja possível à nossa debilidade, que nunca apareça um ânimo, um gênio, uma inclinação contrária. Por isso, não dor, não má vontade, não tristeza ou melancolia, muito menos lamentações, murmurações, etc... mas ao contrário, hilaridade, serenidade, tranquilidade”. (686)

“Que fazemos então? Ir-nos? Mas, se não temos razão! E se ocorresse a ruína do Asilo e de tantas pobres jovens? E, não há dúvida de que as Filhas de Maria sairiam perdendo. E então? Então permanecer e obedecer; obedecer de bom coração, pois o Dono é Dono e assim o quer. Talvez fará mal suas contas, mas ele crê fazer o bem. A nós interessa fazer o bem, mesmo menor, antes que, por querer fazer mais, colocar-nos em risco de não fazer nada e, ao contrário, causar o mal”. (687)

“. . . ao mínimo aceno da obediência, todas, mas todas, devem silenciar. Venha mesmo um pouco de comoção, algo de borrasca, ou até grande tempestade em vosso rosto e em vossa mente tudo deve ser sereno, tranqüilo, obediente. Digo-vos assim claramente, pois até o presente a coisa foi bem diversa. As pobres Regras não eram observadas, a pobre obediência sabe Deus como era vivida e repeito ao vosso dever, eu não sei outra coisa, mas . . .! Fazei que no futuro não seja mais assim: ou por amor ou por força obedecei, ou por amor ou por força observai, ou por amor ou por força cumpri vossos deveres como Filha de Maria; mas ainda mais como Madre, velai sobre vossas súditas e ajudai-as a fazer-se santas, caminhando à frente com o exemplo, sobretudo da Santa Comunhão. Atendei ao Noviciado e procurai vestir boas Filhas, não tanto ricas como virtuosas e, sobretudo para as Conversas, observai as novas Regras que vos enviarei, já que até aqui andamos mal, mal, mal!
Será melhor, portanto, que deis também nisso aquela prova de obediência que não destes até agora e que, na primeira oportunidade que tiverdes, suprais o que tendes omitido.
Tudo deve servir à glória de Deus: mas se duvidais, fazei-o por obediência cega e pronto”. (828)

“. . . espírito de humildade, de obediência e de pronta abnegação, que é a verdadeira alma dos Institutos deste tipo e, sem a qual, se tornam corpos inúteis ou até prejudiciais tanto para a Igreja como para a sociedade”. (855)

“O silêncio, a modéstia, o retiro, a pobreza, a dependência e sobretudo a obediência, sem a qual não há religião . . .” (915)

“. . . A pobreza é necessária, a mortificação também, mas a obediência é a mais necessária de todas . . .”(921)

“Saibais portanto, que em todas as religiões existe a obrigação da obediência e obediência cega e todos devem obedecer aos superiores como a Deus, menos as coisas que são mandadas por Deus mesmo, em tudo se colocam ao seu parecer. Quanto aos preceitos da Igreja, os Superiores podem decidir quando seus súditos não são obrigados, ou também dispensá-los quando cressem oportuno. . .
Deixai-me sair um pouco do argumento aproveitando a ocasião do jejum e da obediência com a qual deveis observá-lo para recomendar-vos esta santíssima virtude, tão necessária às pessoas religiosas. Onde não há obediência cega e pronta não há religião; e se as Filhas de Maria não têm essa virtude são até menos que as mulheres seculares as quais infelizmente devem ser obedientes e submissas. Exatamente porque os vossos exercícios cotidianos não vos permitem exercitar-vos em jejuns e penitências deveis ser mais premurosas e exatas no mortificar o espírito e dominar o amor próprio o qual não se vence e não se mortifica como quando se faz tudo por obediência. Ah! Se compreendésseis bem o grande mérito e a sorte que tendes em obedecer e em sempre obedecer, não quereríeis nem mexer um dedo, nem movimentar um olho se não fosse tudo, com a dependência, com obediência. . . .
E vós que de tempos em tempos sereis destinadas a ser Madre Superiora, recordai-vos destas coisas e deixai-vos atormentar. Se encontrais quem não ama a obediência e a dependência não a perdeis de vista. Avisai-a, instrui-a, exortai-a antes e depois repreendei-a, ameaçai-a, dai-lhe uma punição até que a tenhais reduzida. E se alguma fosse incorrigível, denunciai-a a quem se deve como infecta e não tolerável . . .” (923)

“ . . . Sede prontas a ir em qualquer casa e qualquer obra por pobre que seja se a obediência vos manda . . . A obediência tanto no muito como no pouco, tanto no cômodo como no incômodo... (1010)

“Obediente por princípio entendo aquela religiosa que se deixa guiar como cega pela santa obediência, e isto o faz com tanta prontidão, alegria e simplicidade de espírito quando obedeceu lhe parece ter feito tudo e confia que, continuando a fazer até a morte, morrerá santa”. (1048)
“ . . . obedecei, ajudai-vos o mais que podeis e ides adiante . . .”.(1113)

“ . . . Resta que vós por primeira a tomasse bem e inclinando a cabeça reconheçais na vontade dos Superiores aquela de Deus. . .” (1124)

6.2

“Quando vistes que vossas desculpas não foram ouvidas e que todos estão contra vós, não devíeis continuar teimando; e se vos parecia agir mal ao obedecer, era necessário escrever em seguida, ou a Chiávari ou a mim. . . e lhe que vós . . . estais prontíssima a obedecer”. (593)

6.4

“. . . quanto às Irmãs, creio que não se deva comunicar senão ao momento de realizá-lo, para que não percam o mérito da obediência cega e da prontidão às ordens dos Superiores”. (801)

“ . . .o delicado governo das Irmãs de Caridade não é compatível com todas as regras dos serviços seculares, mas se requer normas particulares e tais que excluam as medidas por eles adotadas (por outro lado sapientíssimas) na mencionada deliberação; que pode ser necessário ordenar que uma parta no momento e sem que nem sequer as outras saibam (eles são suficientemente inteligentes para saber que estes casos podem ser muitos, de vários tipos e por diversas razões) e não se poderia nem prevenir a Adminsistração e nem esperar suas deliberações . . .” . (855)

Apanhado de cartas sobre a “obediência cega ao diretor espiritual” por particulares situações de escrúpulos:

“Direis que é exatamente a obediência que mais detestais, mas não importa. Podeis detestar a obediência e obedecer do mesmo modo; como um doente que se revolta ao ver o remédio e , no entanto, o toma para sarar. Sobretudo, obedecei na vida comum, na comunhão, no fazer o bem, malgrado a blasfêmia e tudo o mais; pensai o mínimo possível em vossa situação e procurai que a comunidade não perceba o vosso estado. Finalmente fazei este ato de submissão a mim como vosso Diretor, isto é, de crer que não desejo vos enganar e que, procurando obedecer, terminará a borrasca e retornará a bonança.
Quereria também que, tanto ao Senhor, como a Nossa Senhora dissésseis assim: “mesmo que eu não creia e não espere nada, quero porém crer e esperar tudo, mesmo por força, para obedecer. Creio e espero que, quando vos agrade, terminará tudo. Obedeço e na obediência, não pretendo pecar, ainda que assim me pareça, porque a obediência deve ser cega e quanto mais cega e mais dura, tanto mais meritória. Maria, sustentai-me; Jesus, ajudai-me!” Dizei-o com freqüência.
Gostaria de poder vos satisfazer e o faria: não somente vos faria Conversa, mas vos colocaria entre as Penitentes, pois não seria mal. Mas sabeis que não posso. Recordai, porém, que se o Senhor vos quer carregar com uma cruz, tanto o fará se sois Conversa, Penitente ou Madre.
Portanto, coloquemo-nos de acordo: Obedecei! . . . (577)

“Se tendes ainda uma fé mínima, espero que estas considerações vos tragam paz e que que retomeis a obediência com muita boa vontade. Obedecei como podeis, mas obedecei cega, ‘ceguíssima’ e contra todos os ventos, pois algumas vezes Deus assim quer e permite”. (595)

“Obediência e paciência. Exigir a primeira quanto se pode e sempre, mostrando-lhes que não há outro caminho. Exercitar muito a outra, ao procurar animá-las e encorajá-las no padecer”. (605)

“ . . . todas as coisas de que me falastes, são como nada para mim; eu as considero zero, e só me preocupa que não sabeis obedecer. Eu as tomo sobre mim, mas vós, obedecei!” (658)

“ . . . sabei que o remédio para vossos males não é este. O grande remédio é a obediência pronta, cega, ‘ceguíssima’. Eu vos escrevi que é preciso sorver o cálice até a última gota e vo-lo repito. Vós me respondeis que, ao invés desta resignação, sentis justamente o contrário. Eu vos digo que compreendo que sentir tudo ao contrário é exatamente o mais amargo do cálice; são verdadeiras ‘fezes’: mas é isso que é necessário tragar: resignar-se a não ser resignado! Agarrar-se à cruz e aos pés de Jesus Cristo e estar ali . . . malgrado toda a raiva, todo o despeito e furos que proveis, seja em vós que nEle; e ter viva fé, pois agradará muito a Deus esta vossa fé, esta vossa constância, esta vossa adesão, esta vossa esperança. É a esperança de Abraão, minha filhinha, o qual, diz a Escritura, ‘credidit in spem contra spem’ (creu contra toda a esperança)”. (665)

“ . . . constante na obediência ao confessor . . . Dissestes que obedeceríeis a quanto vos falasse, como se viesse de Deus: Veremos. . . Quereria um pouco mais de humildade e de obediência cega”. (700)

“. . . tratai de obedecer, isto é, começai a obedecer em tudo e por tudo, cega e prontamente . . .
Obedecei e e observai todas as Regras, digo todas se não estiveres legitimamente impedida. Com esta obediência, mesmo estando no inferno, espero que ao final vos encontreis no Paraíso; caso contrário, recordai que o Senhor não tem necessidade de ninguém e há de acontecer-vos o que acontecerá. Não podereis queixar-vos senão de vós, se ‘não tiverdes obedecido cegamente’, compreendeis?. . .
Concluamos, pois: tanto se viverdes, como se morrerdes. . ., digo mais: tanto se vos salvais, como condenais, obedecei! O Senhor me inspira que se quereis ir bem, deveis dizer a vós mesma: ‘Obedece que te salvarás, como te dizem os Ministros de Jesus Cristo, embora te pareça estar condenada. Mas, mesmo se te perdesses, obedece! Padecerás muito,muito menos, por ter obedecido. Ao menos não terás o eterno remorso de não ter querido obedecer, vendo que fazendo isso poderias te salvar e inclusive fazer-te santa’. Aprendei de cor estas palavras e repeti-as muitas vezes, especialmente quando tiverdes dificuldade para obedecer.
O Senhor vos abra os olhos para conhecerdes a necessidade que tendes de obedecer, pronta e cegamente, sem análises, como eu lhe suplico, abençoando-vos”. (717)

“ . . . Pretendo que sejais obediente e observante em tudo e por tudo, ao menos materialmente. Perguntar-me-eis que vos ajudará esta falsa obediência, esta aparente obsrvância e vos parecerá impostura, hipocrisia. Respondo-vos que seja o que for, obedecei! Estar encolhida em um canto, ou na capela, estar no recreio com as outras, ou mesmo dar voltas e fazer de louca, para o corpo deve ser igual.Para a alma será o que for (a vós não cabe pensar, cabe obedecer), mas podeis dizer: obedeci.
. . . Apenas terminada de ler esta, se não quiserdes que me lave inteiramente as mãos, começai a obedecer e a observar tudo, do melhor modo possível. E se antes de terminá-la bate bate o sino, ou é hora de uma observância comum, não termineis de ler . . . compreendeis? Não termineis de ler e voai”. (728)

“Fica ainda que vos humilheis acreditando naquilo que vos direi e obedeçais . . .”(1177)



Art. VII – Desprendimento de tudo
7.1
“ . . . dir-vos-ei que não tendes necessidade senão de uma firme e estável resolução de acabar, de uma vez por todas, com o cego amor próprio e de entrar decisamente na via do Senhor, com ânimo franco, livre, resoluto, isto é, unicamente desejosa de encontrar Cristo e somente a Ele seguir. Certo, vereis (como já vistes) que esta estrada ao início é dura, pedregosa, coberta de espinhos e em subida; mas exatamente por isso é mais segura e aqui, com certeza O encontrareis. Qui vult venire post me, abneget semetipsum. Este é o primeiro passo, o ingresso indicado por Ele mesmo: Negar a si mesmo é o mesmo que dizer fazer sempre o contrário do que sugere nosso falso amor próprio. Compreendeis esta linguagem? Se fazeis uma coisa com gosto (exceto se vos fosse ordenada), exatamente por isso (que vos satisfaz), deveis evitá-la, ou ao menos desconfiar dela: se fazeis outra de má vontade (desde que não fosse proibida), deveis abraç160-la; mais ainda se vos fosse ordenada. Bons, pois, para vós, todos os livros que vos aborrecem, se vos são aconselhados; bons os lugares que vos entristecem, se ali vos chamam; bons os trabalhos que mais vos pesam, se vos são dados; bom o Confessor que mais é contra o vosso gênio, se vos é destinado por Deus. O pior lugar, o pior livro, o pior ofício, o pior Confessor é justamente o que mais vos serve. Encontra-se Cristo, com certeza, negando a si mesmo: Qui vult venire post me, abneget semetipsum”. (11)

“Acabemos de desprender-nos do mundo e doar-nos a Deus e tudo é feito”. (307)

“Eu digo não porque creia que vens animado por um olhar terreno, mas porque ao contrário possas vir precavido e forte com um espírito inteiramente desinteressado e santo, como é de se desejar em todos os lugares, mas que entre nós é absolutamente necessáriio para fazer o bem”. (319)

“Desprendimento de nós mesmos, não só nas coisas materiais e temporais, mas também nas espirituais o que é um grande passo , difícil para todos, especialmente para as pessoas de retiro”. (699)

“Procuremos purificar sempre mais o espírito e o coração da terra, que sempre nos atrai e macula. Aprendamos a não aspirar mais que a Deus e ao Paraíso . . .” (736)

“. . . é sempre melhor salvar as almas e contentar a Deus que contentar ou não aborrecer um amigo. . .” (778)

“Entre as vossas resignações tenha também aquela de viver e de morrer, viver sã ou enferma, fazer ainda muito bem ou ser impotente, respeitada ou desprezada, cuidada ou abandonada, amada ou odiada e ainda a voltar a ser Vigária como antes! Não digo isto porque eu não gostaria de fazer uma outra; mas. . .! bem sabeis como estamos. Reza ao Senhor para que mande alguma apta e penso que a farão em seguida e eu me alegrarei”. (1098)

7.2

“Tendo em conta as circunstâncias, aprovo, aliás, louvo vossa detrminação de mandar a Irmã Maria Felice cuidar de sua Mãe, embora esteja de acordo com a Madre quanto ao princípio, já que não convém abrir precedentes como este. Mas a Mãe está sozinha, abandonada e nas últimas, sendo bem difiícil que que se encontre um caso igual; e, se acontecesse, faça-se o mesmo. Acrescente-se que a tinha abandonado e que por isso ela ficara meio doida. Acho que Deus o permitiu também para que aquela pobre mulher, antes de morrer, pudesse ver que, se a filha a tinha abandonado para consagrar-se a Deus, não deixava de ser sua Filha: as Filhas de Maria, consagrando-se a Deus, não se tornam nem desumanas e nem irracionais”. (529)



Art. VIII – Dependência em tudo

“ . . . O silêncio, a modéstia, o retiro, a pobreza, a dependência . . . sem as quais não há religião . . .” (915)

“. . . ao menos, ao menos, praticai a dependência até dentro d’água . . .” (921)

“. . . E aquela bendita dependência que talvez ainda vos pesa (não creio que a todas) oh, como a amarríeis se a conhecesseis bem. Em vez de vos incomodar quando deveis depender, choraríeis quando as Superioras vos mandam agir sem elas. É suficiente saber que os santos quando não tinham Supeirores dos quais depender, dependiam dos Irmãos conversos e até do ajudante de cozinha.
Eia pois, minhas filhinhas fazei aquilo que talvez não tendes feito perfeitamente até aqui. Ainda quando poderíeis fazer algo sem a dependência não a façais, a menos que a obediência vô-lo proíba, dependei em tudo, em tudo, em tudo. Felizes de vós se o fizerdes! Parece-me de garantir que vos fareis santas.
Assim que, quando o Senhor vos manda Superioras rigorosas quanto à obediência e dependência, agradecei-o como o mais belo dom que possais desejar; e quando tivésseis alguma um pouco indulgente, chorai e fazei penitência para que Deus livre a vós e àquela casa daquele castigo. E quando as Madres se mostram cansadas ou entediadas ou incomodadas das vossas dependências, compadecei-as em vosso coração, entretanto não as perdoeis e nem deixeis de atormentá-las em todos os tempos e em todos os lugares se não vos dão expressa obediência em contrário.
E vós que de tempos em tempos sereis destinadas a ser Madre Superiora, recordai-vos destas coisas e deixai-vos atormentar. Se encontrais quem não ama a obediência e a dependência não a perdeis de vista. Avisai-a, instrui-a, exortai-a antes e depois repreendei-a, ameaçai-a, dai-lhe uma punição até que a tenhais reduzida. E se alguma fosse incorrigível, denunciai-a a quem se deve como infecta e não tolerável . E para ir adiante com o exemplo e não perder o grande mérito de depender e obedecer, dependei não só da Madre Geral ou de quem estiver à frente, mas da Vigária ou das outras Assistentes e algumas vezes até das conversas. . .” (923)

“ . . . A dependência. Os pobres não se incomodam em depender dos patrões e pedem por caridade e procuram movê-los à compaixão com orações, com lágrimas, com humilhações; sofrem rejeição, maus tratos, vergonha contanto de obter socorro. Por isso, nossas Regras recomendam tanto essa virtude também às Superioras. Segurai-a firme e praticai-a se quereis ser pobres e fazei-a observar sempre por todas e tendes certeza que terminada a dependência é terminada a pobreza religiosa, ou seja, o amor à pobreza”. (1010)

Art. IX – Modéstia Universal

“Acrescentarei ainda que, mesmo em vosso exterior, no vestir, no falar, no conversar e em tudo, tanto sós como acompanhadas por poucas ou por muitas, deveis procurar comportar-vos de tal modo e com tal modéstia e humildade que demonstrem estardes fazendo o mês de Maria. Seria desejável que também exteriormente vos assemelhásseis, se assim posso dizer a outras tantas virgenzinhas. Sereis então verdadeiras Filhas de Maria”. (242,9)

“Talvez possa parecer vaidade, mas não a meu ver. Do primeiro encontro depende muito e se forem bem vistas terão maior autoridade para fazer o bem e Deus será mais louvado: Uma coisa é ser modesta e despretensiosas; outra é que pareçam bobas e incapazes”. (812)

“. . . Devem ser evitados todos os excessos e bem sabeis que prefiro que vos excedais em amabilidade e em dar confiança do que na gravidade e na reserva. Recomendo de acolher a todas, admitir a todas e preocupar-vos para que todas vos abram o coração, em especial nas necessidades do espírito. Neste ponto sede generosa, criativa, humaníssima. Também nisto, porém, evitai os excessos”. (828,3)

“E quanto à humanidade e às boas maneiras, minha filhinha, é necessário usá-las um pouco mais com as pessoas de fora. Talvez não notais e não sei se alguém já vos fez notar, entretanto os chiavarenses não estavam muito contentes com vossas maneiras altivas, como vosso modo sério, reservado e um tanto áspero que usáveis com freqüência”. (828,4)


“. . . o recebam com muita cortesia e afabilidade da qual temo que a Madre (talvez por uma espécie de escrúpulo) falte muito”. (895)

“Não penseis de andar verdadeiramente bem se não observais as Regras quanto possam ser observadas em um hospital. O silêncio, a modéstia, o retiro . . . sem os quais não existe religião”. (915)

“A modéstia e a castidade. É um verdadeiro milagre quando estas duas virtudes se encontram acompanhadas do cômodo e da abundância”. (1010)

“. . . Deis exemplos não ordinário de modéstia, de mortificação, de retiro . . .” (1099)

IX.12

“Falando em geral, serão sempre meigas e pacientes, mansas com aquelas desgraçadas, certas de que só com uma imensa caridade, doçura e paciência ganharão aquelas almas. Além disso, mostrar-se-ão alegres sempre; mostrar-se-ão um pouco sérias apenas com aquelas que fosse incorrigíveis ou indóceis”. (509)


Art. X – Amor ao Trabalho

“Rezai sim, mas trabalhai e disponde-vos a trabalhar”. (259)

“Não queixar-se nunca, ao contrário, mostrar-se contentes (e ser de verdade) quando alguma coisa na comida, na bebida, no vestuário, na cama, no quarto, ou no trabalho não nos agrada, não vai de acordo com nosso gênio ou nos repugna. Oh, é belo louvar a Deus porque o nosso amor próprio, o nosso gosto é mortificado e sentimos um pouco a santa pobreza!. . .
Amor ao trabalho. Quem é verdadeiramente pobre e por amor não se cansa de trabalhar. . .” (1010)

“. . . Deis exemplos não ordinários de modéstia, de mortificação, de retiro. . . de trabalho e de uma singular piedade. . .” (1099)

“Os vossos limitados exercícios de piedade unidos às santas ações de vossa vida ativa pela saúde das almas, vos ajudarão muito mais.
Pensais que o Senhor era menos santo quando trabalhava em casa com Maria e José, do que nos três dias que esteve no Templo ou nos quarenta dias que habitou no deserto? Para nossa instrução, diz o Santo Evangelho que quando estava trabalhando em Nazaré crescia em sabedoria, em idade e em graça diante de Deus e dos homens, quando ao invés no deserto, foi tentado pelo espírito infernal.
. . . eis pois, qual deve ser a pobreza espiritual de uma Filha de Maria. Estar pronta a deixar tudo, também as coisas espirituais (entende-se, menos as prescritas) para atender as coisas do Instituto, para fazer o próprio dever, para cumprir aquilo que comporta o próprio trabalho.
. . . Sejais vós portanto solícitas de tornar-vos soltas, francas, livres e donas de vós mesmas. Amai todas as coisas de piedade e devoção, mas conteitai-vos somente daquelas que podeis praticar, ao contrário alegrai-vos em vosso coração quando Deus dispõe que deveis deixá-las para dar-vos às obras todas santas de vosso Instituto. Digo, todas santas, porque todas o são verdadeiramente também as mais humildades, as mais comuns, as mais serviçais como aquelas das conversas porque são todas unidas e ligadas e uma sustenta a outra e portanto uma valoriza a outra e comunicam-se reciprocamente o mérito.
. . . Se a ocupação for mais trabalhosa, difícil deveis acolhê-la com entusiasmo; mas contento-me se não criardes desculpas, dificuldades, cara feia e não tiverdes murmurado”. (1121)


Art. XI – Amor ao Retiro

“Tendo em conta as circunstâncias, aprovo, aliás, louvo vossa detrminação de mandar a Irmã Maria Felice cuidar de sua Mãe, embora esteja de acordo com a Madre quanto ao princípio, já que não convém abrir precedentes como este. Mas a Mãe está sozinha, abandonada e nas últimas, sendo bem difiícil que que se encontre um caso igual; e, se acontecesse, faça-se o mesmo”. (529)

“O Senhor Orsolini não percebeu que, embora as Filhas de Maria não sejam monjas de clausura, são porém, do gênero das monjas e, no que comporta a seu Instituto, é preciso tratá-las como monjas ao menos em casa e no mínimo na casa matriz”. (883)

“Mantenhai-vos inflexível no ponto da absoluta não comunicação entre a Igreja e o Conservatório, já que eu não cedo neste ponto . . .
Mas para obter este perfeito isolamento é preciso retirar também a necessidade do acesso”.(884)

“Não acrediteis nunca de ir adiante realmente bem se não observais as Regras o quanto se pode observar em um hospital. O silêncio, a modéstia, o retiro. . . sem os quais não existe religião”.(915)

“Fiquei sabendo através da vossa última carta que essses senhores administradores do hospital e da Casa de Acolhida não vêem com muito agrado a Regra das Filhas de Maria de não receber visitas de pessoas seculares quando estão doentes; mas pela razão que me dizeis ter apresentado ao Sr. Secretário, tenho receio que não vos explicastes bem e que por isso eles não entenderam bem o espírito de tal Regra. Quando vos disse que poderia acontecer que o Sr. Presidente ou algum membro do Conselho tivesse que tratar com a Madre, devíeis responder que nesse caso, não seria uma visita, mas uma necessidade de falar com ela; e que a Regra proíbe as Filhas de Maria de receber visitas, mas não de ouvir um dos senhores administradores quando houver necessidade ou outra razão pelo bem da obra. Procurai a seu tempo e lugar de fazer compreender bem essa coisa e estou certo que nenhum deles tomará esta Regra no sentido negativo que tão bem condiz com vosso estado, sem impedir absolutamente o bem das obras às quais sois destinadas”. (1030)

“Embora sejam educadas sobre o fazer das Filhas da Caridade, quer dizer, desenvoltas, sem preconceitos, prontas a sair, a cuidar dos doentes, a conversar indiferentemente com todos, se houver necessidade, etc. . .; De todos os modos sempre recomendei o amor ao retiro e não têm como regra sair a passeio. Alguns me dizem que isso é arriscado para a saúde e que não resistirão, ainda mais onde não tem um horto ou outra ocasião para movimentar-se e onde o ar é mais poluído e insalubre. A razão me persuade,mas por outro lado, vê-las passeando pela rua não me agrada. Embora as Filhas da Caridade o façam, não penso que seja a melhor coisa. O caso é que de vez em quando alguma delas sai e se casa. Não há porque se escandalizar mas as pessoas não ficariam edificadas com isso. Parece-me, ou seja, eu estaria inclinado a adotar caminho intermediário, que seria o de fazê-las sair nos dias de folga convidando as alunas que gostariam de ir com elas, ect... . Obteremos a finalidade, fazemos um bem a mais e talvez não pequeno e diante das pessoas a coisa pareceria bastante justificada”. (1058)


“. . . Deis exemplos não ordinários de modéstia, de mortificação, de retiro. . . de trabalho e de uma singular piedade. . .” (1099)


Art. XII - Amor ao Silêncio

“Escutai-as, respondei com doçura e boas maneiras e não façais sentir que perdeis o trabalho, ou a Missa, ou a oração, ou outra coisa”. (839)

“O silêncio, a modéstia, o retiro, a pobreza . . . sem os quais não existe religião”. (915)


Art. XIII – Caridade Paciente

“As visitas que nos dias festivos faziam ao Hospital Civil e a caridade que usavam com os enfermos, levou a Comissão Administrativa a chmá-las para a Direção imediata do Hospital e ao cuidado dos doentes.
A cidade de La Spezia foi, por outra parte, testemunha da generosidade com a qual quatro destas Irmãs expuseram a própria vida, sem interesse ou outra motivação terrena, para salvar e aliviar os míseros colerosos; viram aqui, VV.Sas. Ilmas., duas que arriscaram sua vida para salvar a destes infelizes (e todas teriam acorrido, se houvesse necessidade).
Mas isso não é tudo. Algumas pessoas recorreram às Filhas de Maria para que acolhecem algumas educandas, e são já em número de oito além das que o aspiram há algum tempo. As Filhas de Maria conheceram outras jovens infeliães, que o descuido ou a falta dos pais e sempre a infausta miséria, arrastavam à corrupção dos costumes e à verdadeira perdição. Elas não hesitaram em chamar algumas a si e deram esperanças a outras de que quando conseguirem uma moradia maior, também serão acolhidas”. (182)

“Dirige-se, portanto, primeiramente ao bom coração dos já seus chiavarenses, que são as testemunhas do ótimo espírito que sempre as animou, em todas as obras de caridade que se ofereceram ao seu zelo . . .”.(475)

“Desagradar-me-ia se não fossem cuidadas quando enfermas. Espero que já o façam, mas aproveitando a recomendação,direi que o façam.
As penitentes não estão internadas ali, para depois sair. Mas, se não querem mais ficar, que se pode fazer? Não tenho meios, nem vontade de conservá-las por força. Uma vez que saiam serão piores. Esparamos que não. . . Alguma age mal! E com isso? Não aceitar outras porque alguma não quis aproveitar? Isso não me parece conseqüente. Acrescento que, pelo menos enquanto estão ali, não fazem tanto mal. Além disso, mesmo saindo sem emendar-se, levam consigo as instruções e máximas que num momento ou outro poderiam operar nelas a conversão. O bem é sempre bem. Deus deixa de fazer-nos o bem porque abusamos? Pelo contrário, faz-nos sempre mais. Imitemos, pois, nosso bom Deus. Façamos o melhor que pudermos e depois deixemos que Ele providencie a tudo”. (666)

“6. Verdadeira paixão por salvar as almas, mas quando e como agrada a Deus; se não de outra maneira, com a oração.
7. Paciência indefessa em suportar os nossos defeitos e os do próximo e as contrariedades que Deus manda e, em modo particular ao atender os doentes”. (699)

“Neste mundo é necessário contentar-se de fazer algum bem, mesmo que pouco, e até, às vezes, o Senhor se contenta que somente o desejemos, procuremos e façamos quanto pudermos.Mas, quanto depende de nós, é necessário desejar ardentemente e fazê-lo e aspirar a relaizar tanto, tanto, de modo a converter e a salvar todo o mundo, se fosse possível. Depois, se não conseguimos nada, ou pouco, paciência:”fiat voluntas tua!” ”. (860)

“E primeiramente recordo a todos que ser missionário somente de nome não basta. É necessário ter o espírito que, sendo caridade, costuma ser, aliás, deve ser operativo “operatur enim magna, si est” (assim pensava São Gregório Magno), “si operari renuerit, nihil est”.
Sei bem que nem sempre se pode fazer o que se gostaria; mas, quanta coisa se faria se tivéssemos a verdadeira caridade, que agora não fazemos pois nos falta e nos iludimos de não poder”.(862)

“Se deixarem no Conservatório a filha logo na primeira noite, tenham a atenção de dar-lhes um pouco de sopa e de alguma outra coisa. Depois, este caminho é coisa a se fazer com todos também a título de caridade”. (895)


“A caridade, a qual vos ensinará a ser pobres de boa vontade, austeras consigo mesmas mas generosas com os outros, especialmente com os pobres e com os enfermos”.(1010,7)

“Diga pois, à Vigária que a esta coisa é preciso se acostumar e que o tome para seu bem; e que não olhe as desavenças, as ansiedades, etc... mas preferencialmente o grande bem que se faz e também a parte que ela terá nesse bem, se suportar pacientemente o papel de Marta que lhe será recomendado”.(1020)

“Embora sejam educadas sobre o fazer das Filhas da Caridade, quer dizer, desenvoltas, sem preconceitos, prontas a sair, a cuidar dos doentes, a conversar indiferentemente com todos, se houver necessidade, etc. . .” (1058)

“. . . Deis exemplos não ordinários de modéstia, de mortificação, de retiro. . . de trabalho e de uma singular piedade. Procurem fazer alguma coisa enquanto tendes tempo e fazei-vos ricas destes tesouros”. (1099)


13.3

“Falando em geral, serão sempre meigas e pacientes, mansas com aquelas desgraçadas, certas de que só com uma imensa caridade, doçura e paciência ganharão aquelas almas”. (509)

“. . . para obter temos de depor pretensões, lamentações, despeitos, duplicidades subterfúgios; requer-se paciência, boas maneiras, santa inventividade, bom ânimo e confiança . . . “(687)

“E quanto à humanidade e às boas maneiras, minha filhinha, é necessário usá-las um pouco mais com as pessoas de fora. Talvez não notais e não sei se alguém já vos fez notar, entretanto os chiavarenses não estavam muito contentes com vossas maneiras altivas, como vosso modo sério, reservado e um tanto áspero que usáveis com freqüência. Também eu, vede, soube disso este ano e tarde. Espero que acrediteis, aos vos dizer agora. Mas é assim, minha filha.Sabei que, se não estamos muito atentos, fazemos boa cara àquele que nos agrada e feia a quem nos desagrada e, portanto, acolhemos bem as pessoas que estimamos muito ou das quais esperamos receber algo; todas as outras mal, ou com certa indifierença, frieza, pressa e quase com inquietação e nos desculpamos ou com nossas ocupações ou com o aborrecimento que nos causam; em substância, é uma coisa má, é um defeito, é um vício que torna odiosa a pessoa que o possui. Todos desejamos ser bem acolhidos por todos, particularmente pelos Superiores. Que o Superior não nos atenda, perdoamos, mas que não nos receba bem, não sabemos perdoar. É, pois necessário que nós Superiores, recebamos bem, quero dizer com paz, com paciência, com calma e com suavidade as pessoas, mesmo as aborrecidas, mesmo as indiscretas, mesmo as impertinentes. É difícil, se requer uma grande virtude, uma grande paciência; e eu vos recomendo aquilo em que eu seguramente tanto falho. Mas é assim e precisa rezar, aplicar-se e esforçar-se até que chequemos . . .” (828,4)

13.6

“O que vos digo é que Deus vos quer melhor do que sois e que procureis portanto, crescer na verdadeira humildade, na paciência, na mortificação dos sentidos, na caridade, sobretudo com as co-Irmãs . . .”. (387)

“É necessário fazer um pouco de esforço para tirar a Maria Teresa de Marinasco. A Madre não está contente por nada e nem ela, lamentando-se muito pela saúde. Creio que lá ela já não está bem . . .” (509)

“Amai-vos sobretudo entre vós, ajudando-vos e compadecendo-vos em vossos defeitos. Corrigi-vos reciprocamente, mas com bons modos e perdoai-vos as ofensas e os desgostos que facilmente vos dareis pela vossa miséria e fragilidade. Amai-vos sobretudo e ajudai-vos a amar tanto, tanto Deus que tanto vos amou, desde a eternidade e que tanto vos ama e beneficia continuamente. Fazei-vos santas, se podeis!” (542)

“Por favos, tenhamos cuidado das doentes”. (663)

“Suma caridade das Superioras com as Irmãs, mas sumo respeito das Irmãs com suas Superioras, que se evidencia: 1. na obediência pronta, cega, voluntária; 2. em compadecer e desculpar seus defeitos e falhas; 3. em não falar jamais mal delas”. (699,5)

“Tende o cuidado de animar e promover a pobreza também nas outras; entretanto as Madres esforcem-se o quanto puderem e saibam para que não falte o necessário, o dêem com boa vontade e alegria e encoragem as jovens, as noviças, as mais tímidas e sobretudo as doentes a usufruir pois a pobreza cede seus direitos à caridade que é sempre generosa”. (1010,7)


13.7

“Ou por amor ou por força obedecei; ou por amor ou por força observai; ou por amor ou por força cumpri vossos deveres como Filha de Maria; mais ainda como Madre, velai sobre vossas súditas e ajudai-as a fazer-se santas, caminhando à frente com o exemplo, sobretudo da Santa Comunhão”. (828)

“. . . Sede Madre e basta! A paciência, a doçura, as boas maneiras, a caridade nunca podem ser demasiadas”. (839)


13.8

“Lamento, por um lado, ter tantas doentes; por outro, creio que é bom: o Senhor não se esquece de nós. Eu também estou um pouco impaciente por adquirir um cemitério para as Filhas de Maria . . .” (827)

“Alegro-me com a preciosa morte que teve a nossa boa Afonsa. Gostei que tenhais notificado a estas nossas Irmãs e procurais fazer isso com todas não somente para sufragá-la mas também para que sejam edificadas e aprendam a viver bem para morrer santamente. Direi que escrevas também a Ventimiglia, mesmo com mortificação, fazendo-o de bom coração, como escreveste para nós”. (886)







Art. XIV - Oração Contínua


“Dizei ao Senhor que vos mantenha unida a Ele, mesmo durante as conversações que deveis fazer. Não as tenhais sem necessidade e quando for necessário, tende a intenção de serví-lo e louvá-lo com a vossa língua e após terdes falado implorai sempre o perdão pelas imperfeições e talvez também pelas faltas cometidas”. (387)

“A maior dificuldade é a da oração, não tanto da oração em si, quanto pela perplexidade da Comunidade. Eu diria, pois, que de todos os modos que puderdes: com as palavras, por escrito, com sinais, ou apenas com aspirações internas, declareis diante de Deus que quereis rezar, porque a oração é necessária a todos, mas que enquanto Ele não tira o impedimento, O invocareis como puderdes, ou seja, que tendes a intenção de invocá-lo em tudo o que fareis pela sua honra, seja no cuidado aos doentes, seja ao escrever ou ao ler, seja ao fazer qualquer outra coisa conforme o espírito das Regras”. (700)

“Se vejo bem, o terceiro andar ficaria sem coro e sem tribuna. Se de fato não se pode, paciência; mas assim que se puder providencie-mo-lo pois em nossa arquitetura moral, espiritual interessa muito”. (883,5)

“Substituam com aspirações, com jaculatórias, com atos de humildade . . .”(915)

“O amor à oração. Só quem esperimentou pode acreditar quão facilmente são inclinadas à oração as pessoas religiosas verdadeiramente pobres e quão dificilmente se dão a ela as pessoas cômodas, mesmo religiosas”. (1010,3)

“Pois bem, quem não vê que as Filhas de Maria seguindo sua vocação e deixando não só o mundo e suas inclinações mas também as melhores coisas e mais santas para fazer a vontade de Deus (certamente com grande abnegação e mortificação) dão maior gosto a Deus, adquirem maior mérito e portanto maior perfeição.
Mas como farão para ir adiante no bem, aperfeiçoar-se, fazer-se santas sem a ajuda da oração, sem a freqüência dos Sacramentos e das outras práticas espirituais?
Oh, que cego seria quem fizesse seriamente semelhante objeção! Primeiramente não é verdade que as Filhas de Maria não têm exercícios de piedade. Elas os têm e se forem bem praticados os têm em abundância e talvez tantos quantos algumas de clausura. Mesmo se fossem menos, ao contrário poucos, acreditamos que as ajudaria menos do que os mais abundantes daquelas que vivem em perfeito retiro? Não acrediteis. Os vossos limitados exercícios de piedade, unidos às santas ações de vossa vida ativa, pela saúde das almas, vos ajudarão muito mais.
. . . Pensai bem vós que por vossas ocupações extraordinárias ou se por alguma razão vos encontrais em maiores afazeres e ainda mais privadas destes exercícios espirituais; vós que especialmente ocupastes com os pobres doentes na época do Cólera Morbus; dizei se aquelas poucas orações, ao contrário, aquelas jaculatórias e aquelas aspirações não vos sustentavam, não vos confortavam.
. . . Substituam com comunhões espirituais, com jaculatórias, com santos pensamentos, com o desejo, com aspirações ou também somente com a reta intenção de fazer aquilo que fazeis por Deus e para dar gosto a Deus e não tenham medo”. (1121)





Art. XV – Desejo de Perfeição


“O que vos digo é que Deus vos quer melhor do que sois e que procureis portanto, crescer na verdadeira humildade, na paciência, na mortificação dos sentidos, na caridade, sobretudo com as co-Irmãs, na obediência, na resignação.
. . .se desejais tornar-vos perfeita, é necessário que a elas estejais apegada como a um segundo Evangelho.
Desejáveis saber como podeis fazer-vos santa, melhor, perfeita. . . Eis: sêde humilde, obediente, observante e paciente. Dizei ao Senhor que vos mantenha unida a Ele, mesmo durante as conversações que deveis fazer”. (387)

“Coragem, minhas filhinhas, ao Paraíso, que unicamente para isso fomos feitos, criados, remidos”. (542)

“Que fazem as minhas Noviças? . . .Que deverei dizer? Que sejam boas? Ah, Mas boas eu penso que já sejam. Que se façam santas? Isso sim, pois penso que ainda não são, mas penso e creio que certamente terão um grande desejo de sê-lo. Não é verdade?” (686)

“Empenho grandíssimo de dar glória e gosto a Deus em tudo, e dar-lhe quanto possível e desejar dar-lhe sempre mais intensamente”. (699)

“Procuremos purificar sempre mais o espírito e o coração da terra, que sempre nos atrai e macula. Aprendamos a não aspirar mais que a Deus a ao Paraíso, onde teremos Deus para sempre, sem temor de perdê-lo! Oh, o Paraíso! Coragem, filhinhas: fazei-o por vós e por mim que, ocupado em tantas coisas , pouco ou nada penso nisso! Fazei-o também pelos pobres pecadores que não querem pensar e pelos infiéis que não sabem pensar!”(736)

“Suplico-Lhe de fazer-vos santas a todas e que para isso incuta em todas o espírito de observância, sem o qual não o sereis e com o qual vos fareis santas seguramente”. (839)

“Vós, pois, deveis aspirar à santidade com todas as vossas Irmãs e com todas as Filhas que Deus vos manda à Casa de Acolhida. Fazei sempre tudo o que vos compete e não desespereis jamais de alguma, mesmo das que correspondem mal, pois pode acontecer que o fruto . . . não se dê ali, mas depois, fora a seu tempo. Tende sempre, mas sempre, viva a esperança! (860)

“Portanto a perfeição estará sempre na discreção a qual evita os excessos”.(1010)

“De resto, minhas filhinhas, não há dúvidas que se amais Jesus Cristo e quereis ser amadas por Maria nossa Grande Mãe, é preciso que cresçais nestas virtudes cristãs que devem ser o vosso melhor ornamento e toda a vossa riqueza.
. . . Deis exemplos não ordinário de modéstia, de mortificação, de retiro, de mansidão, de paciência, de humildade, de trabalho e de uma piedade singular. Procurem fazer alguma coisa enquanto tendes tempo e fazei-vos ricas destes tesouros. . .”. (1099)

“Se vos mantendes firme nestas coisas, vos salvareis; espero antes que Deus vos assistirá de tal modo e que Maria vos ajudará tanto que chegareis à perfeição e vos fareis santa”. (1113)

“Com isso, não queremos dizer que seja menos devota, menos santa, menos perfeita; Antes, esperamos que possa ser ainda mais! A santidade consiste em fazer a vontade de Deus. Quem a faz melhor é mais perfeito; aquele a quem custa um maior esforço, maior abnegação e mortificação de si mesmo, tem mais mérito. Pois bem, quem não vê que as Filhas de Maria seguindo sua vocação e deixando não só o mundo e suas inclinações mas também as melhores coisas e mais santas para fazer a vontade de Deus (certamente com grande abnegação e mortificação) dão maior gosto a Deus, adquirem maior mérito e portanto maior perfeição?”.(1121)

“Vejo as angústias em que vos encontrais por tantas situações, mas lembrai-vos que estamos no caminho da cruz. Quereis fazer-vos santas e espero que o sereis (antes, me desagrada a pouca confiança que tendes em chegar a isso), mas é certo que a cruz é necessária. Portanto, viva a cruz e coragem!”.(1188)

15.3

“ . . .as Filhas de Maria encontram a penitência na fadiga, na pobreza, na obediência e na perfeita comunidade; que se dedique a estas e não tente a Deus, mas que tenha consideração da saúde em tudo o que pode e que agrada a Deus.
Desejáveis saber como podeis fazer-vos santa, melhor, perfeita. . . Eis: sêde humilde, obediente, observante e paciente. Dizei ao Senhor que vos mantenha unida a Ele. . .”(387)

“Amor e zelo pela Regra que é a estrada mais segura para se fazer santas . . .”. (699)